04-04-2025
Mundo
Trump amplia tarifas sobre importações e agrava incertezas na economia global
A decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar tarifas sobre importações eleva os riscos de instabilidade numa economia global já fragilizada. Anunciadas na quarta-feira (2), as novas tarifas aumentam significativamente o custo de produtos importados, com impacto directo nos mercados emergentes e parceiros comerciais dos EUA. Segundo Trump, a medida visa fortalecer a indústria norte-americana.
Durante pronunciamento no Rose Garden da Casa Branca, Trump anunciou a imposição de uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações e taxas diferenciadas para China (34%) e União Europeia (20%). Além disso, confirmou-se uma tarifa de 25% sobre automóveis e autopeças. O Presidente norte-americano argumentou que tais medidas são essenciais para fortalecer sectores estratégicos da economia nacional e reduzir a dependência de importações.
A política proteccionista já provocou forte turbulência nos mercados financeiros, com queda nos índices accionários e fuga de investidores para activos considerados seguros, como ouro e títulos do Tesouro dos EUA.
Analistas alertam para os riscos dessa abordagem. Segundo Takahide Kiuchi, economista executivo do Nomura Research Institute, "as tarifas de Trump podem desmantelar a ordem global de livre comércio que os Estados Unidos ajudaram a construir desde a Segunda Guerra Mundial". O macroeconomista Antonio Fatas, da escola de negócios INSEAD (França), reforça que a medida pode levar a um desempenho econômico pior e aumentar a incerteza, podendo até desencadear uma recessão global.
A política tarifária deverá afectar gravemente China, Japão e Coreia do Sul, economias altamente dependentes do mercado norte-americano. Marcel Thieliant, especialista da Capital Economics, afirma que as economias asiáticas sentirão os impactos de forma mais severa, enquanto o governo japonês já estuda eventuais retaliações comerciais.
Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, advertiu sobre os desafios dessa nova conjuntura: “Os Estados Unidos sempre foram o pilar da ordem multilateral baseada em regras. Agora, enfrentamos um mundo mais fragmentado e incerto".
Se a indústria norte-americana não suprir a procura interna, os custos para consumidores podem aumentar, pressionando a inflação. A directora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, já admite rever para baixo a previsão de crescimento global para 2025, actualmente fixada em 3,3%.
Caso a estratégia proteccionista falhe em revitalizar a produção doméstica, especialistas consideram provável que Trump busque novas medidas agressivas, incluindo intervenções cambiais. Freya Beamish, economista-chefe da TS Lombard, alerta para possíveis pressões sobre o dólar, o que pode ampliar tensões comerciais e financeiras globais.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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