23-06-2025
Mundo

China quer controlar o Comércio Mundial e já tem um plano em carteira
A China está a construir, desde 2023, um canal de 134 quilómetros para ligar o interior do país ao mar, como parte de um plano ambicioso para reforçar o seu domínio comercial global. O empreendimento, chamado Canal de Pinglu, situa-se na região de Guangxi e ligará o rio Yu ao estratégico Golfo de Tonquim, no mar do Sul da China. A obra deverá estar concluída até Dezembro de 2026 e permitirá economizar 560 quilómetros em transporte terrestre de mercadorias.
Avaliado em cerca de 9. 774 mil milhões de Kwanzas, o projecto integra a visão do Presidente Xi Jinping para consolidar a Nova Rota da Seda e criar corredores logísticos entre o interior da China e os mercados internacionais, especialmente os da Ásia, Europa e África.
É o primeiro canal fluvial de grande escala construído desde a fundação da República Popular da China. Dos 134 km previstos, apenas 6,5 km são completamente novos. Para o restante troço, está a ser feita a adaptação dos rios existentes, com escavações superiores a 339 milhões de metros cúbicos — mais do triplo do volume movimentado na barragem das Três Gargantas.
A infra-estrutura incluirá eclusas gigantes com 300 metros de comprimento e capacidade para superar desníveis de até 65 metros. Os navios previstos terão até 5.000 toneladas de peso bruto e dimensões ajustadas ao calado do canal (5 metros).
Para garantir a durabilidade da obra, está a ser utilizado um tipo especial de betão resistente à erosão provocada pela água salgada, com vida útil prevista superior a 100 anos.
As obras avançam rapidamente, mas levantam preocupações ambientais, sobretudo devido à proximidade com manguezais sensíveis da região costeira. Ainda assim, o Governo defende que os benefícios económicos e logísticos superam os riscos ecológicos.
O canal faz parte de uma rede estratégica que a China está a desenvolver para reduzir os custos logísticos, descongestionar as estradas e melhorar o transporte interno. Estima-se que, só com o Canal de Pinglu, o país poupe cerca de 725 milhões de dólares por ano em transporte.
Além do tráfego de mercadorias, a estrutura servirá também para controlo de cheias, irrigação agrícola e gestão hídrica, contribuindo para o equilíbrio ecológico regional.
A construção do canal encaixa-se numa estratégia mais ampla de Xi Jinping para reduzir a dependência de rotas marítimas internacionais vulneráveis, como o Estreito de Malaca. Outros projectos semelhantes estão em marcha, como os canais de Zhejiang-Jiangxi-Guangdong, Jinghan e Xianggui, que visam unir o interior da China com os grandes centros industriais e portos marítimos.
O objectivo é claro: reforçar o papel da China como eixo do comércio internacional, impulsionando as exportações e projectando poder económico e político a nível global. Ao levar o mar para dentro do território, Pequim prepara-se para consolidar o seu protagonismo numa nova ordem logística mundial.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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