25-07-2025
Economia

Trabalhadores ficaram com menos de 20% dos 63,9 biliões Kz do PIB em 2024 — segundo pior registo desde 2002
Em 2024, os trabalhadores angolanos receberam apenas 19,46% do Produto Interno Bruto (PIB), o segundo pior registo desde 2002, segundo dados das Contas Nacionais Anuais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O número reforça o peso das desigualdades numa economia marcada por salários baixos, informalidade elevada e fraco poder de compra.
Esta perda de participação dos salários na riqueza nacional agrava o ciclo de consumo fraco, baixo investimento produtivo e desemprego estrutural, limitando o dinamismo do mercado interno. Economistas alertam que quanto menor for a remuneração dos trabalhadores, menor é o incentivo das empresas para reinvestirem localmente. Em vez disso, os lucros são canalizados para accionistas ou aplicados em dívida pública.
Nos últimos dez anos, o PIB de Angola cresceu, em média, apenas 0,6% ao ano, muito aquém do ritmo de crescimento da população, estimado em 3,1% ao ano. Esta discrepância agravou a pressão sobre o mercado de trabalho, onde 80% dos empregos são informais e o desemprego se mantém elevado.
A combinação entre inflação alta, falta de investimento privado e crescimento económico anémico tem levado à compressão dos salários, impedindo a maioria da população de sair da pobreza ou constituir poupança.
A tendência de queda do peso dos salários no PIB é um dos sinais mais visíveis da fragilidade da redistribuição da riqueza em Angola, onde os ganhos do petróleo continuam concentrados nas grandes multinacionais e sectores não produtivos.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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