Os preços dos principais produtos alimentares vendidos nos mercados informais de Luanda caíram 8% entre Dezembro de 2024 e Junho de 2025. No entanto, apesar da descida, as famílias angolanas continuam a relatar grandes dificuldades no acesso a alimentos, temendo novos aumentos nos próximos meses devido à recente subida do preço do gasóleo.
O levantamento feito pelo Expansão em mercados como o Catinton e Asa Branca indica que o cabaz com 18 produtos básicos está mais barato, com destaque para o arroz Uncle Sam (menos 7.400 Kz por saco de 25kg), a caixa de óleo Fula (menos 5.500 Kz) e os ovos (menos 750 Kz por cartão). No total, o cabaz ficou 10.750 Kz mais barato em comparação com Dezembro.
Nos mercados formais — Kero, Candando e Maxi — os preços mantiveram-se praticamente estáveis, com uma variação de apenas 0,49%.
Segundo o economista Hermenegildo Quexigina, a descida nos preços informais deve-se ao aumento da oferta de produtos do campo e à relativa estabilidade cambial, que alivia a pressão sobre os bens importados. Ainda assim, há produtos que registaram aumentos, como o peixe carapau, cuja caixa subiu 5.000 Kz, o que representa um acréscimo de 13%.
Apesar dos dados, muitos consumidores entrevistados referiram sentir o contrário. Apontam aumentos nos preços, principalmente de carne, leite e outros produtos essenciais, o que indica uma percepção de perda de poder de compra, mesmo perante os números que mostram alguma estabilização.
Além disso, algumas estratégias adoptadas por vendedores para não aumentarem os preços têm tido impacto: por exemplo, reduzir as quantidades vendidas ao manter o preço nominal. Assim, o custo por unidade real aumenta sem que o preço visível suba.
O receio agora é com os efeitos do aumento do gasóleo registado a 4 de Julho. Embora o primeiro aumento, em Março, não tenha tido impacto imediato nos preços do campo, este segundo reajuste já começou a gerar pessimismo entre consumidores, que antecipam novas subidas nos mercados informais.
Francisco Soque | Redactor
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