A multinacional PLASFER, especializada na exportação de matéria-prima, está em fase final de cumprimento de trâmites técnicos e administrativos para operacionalizar uma nova rota logística internacional que liga a República Democrática do Congo (RDC), Angola, América Latina e Europa, tendo como base o Corredor do Lobito.
Segundo informações enviadas ao Jornal de Angola, a empresa vê Angola como hub logístico estratégico devido à infra-estrutura portuária consolidada e posição geográfica privilegiada, factores que possibilitam a redução de custos e tempo de transporte face às rotas tradicionais que operam a partir do Oceano Índico.
O projecto – que a PLASFER considera um dos avanços mais relevantes dos últimos 50 anos – visa exportar cátodos de cobre extraídos na RDC para abastecer indústrias latino-americanas, sobretudo no Brasil, criando uma nova rota comercial inexistente até então no continente africano.
Contudo, a iniciativa não se limita à exportação de matéria-prima. A empresa já estuda a implantação da fase de industrialização em Angola, de forma a transformar cátodos em vergalhões e fios trefilados, agregando valor localmente e promovendo a industrialização nacional.
“A Nova Rota de Exploração da Indústria de Cobre pretende transformar Angola num centro industrial de referência para a produção de cobre refinado, servindo a Europa e América Latina”, lê-se no relatório da empresa, sediada no Porto, Portugal.
A PLASFER já identificou mais de 40 fábricas de cabos eléctricos na Europa interessadas em comprar cobre processado em Angola, o que reforça a viabilidade da aposta industrial e logística. Estão previstos produtos como vergalhões de 8mm e trefilados (fios usados em sectores eléctrico e electrónico).
Este modelo prevê a criação de empregos locais, o desenvolvimento da mão-de-obra angolana e a diversificação da economia, ao afastar-se do modelo de exportação de recursos em estado bruto.
O projecto da PLASFER pretende alinhar-se com os princípios de sustentabilidade e desenvolvimento industrial, ao criar riqueza local, reduzir a dependência de exportações brutas e integrar Angola no mercado global de cobre refinado.
“Este é um compromisso de longo prazo com a industrialização de Angola e a criação de um fluxo comercial alternativo entre África e América Latina”, sublinha o relatório da multinacional.
Com a consolidação da Nova Rota e o aproveitamento pleno do Corredor do Lobito, Angola poderá assumir uma posição de destaque na cadeia de valor global da indústria do cobre, servindo de ponte entre os recursos africanos e as necessidades industriais globais.
Francisco Soque | Redactor
Foto: Reprodução JA
