17-06-2025
Economia

Dívida externa de Angola passa por 'pente fino' e já supera 48 mil milhões USD - Números não batem certo entre BNA e MINFIN
A dívida externa de Angola aumentou 1.868 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2025, passando de 46,7 mil milhões para 48,6 mil milhões de USD, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA). O valor inclui dívidas vencidas (os chamados "atrasados") e representa um crescimento de 4% em apenas três meses.
Um dado que chama atenção é que o Reino Unido passou a ser o maior credor externo do País, ultrapassando a China. Actualmente, 31% da dívida externa angolana está ‘parqueada’ no Reino Unido – especialmente em bancos e junto de investidores dos Eurobonds – enquanto a dívida à China representa agora 29%. Só os compromissos com o Reino Unido já somam 15 mil milhões de dólares.
Já a dívida angolana à China caiu 290 milhões de dólares no mesmo período, fixando-se nos 14 mil milhões. E, segundo o Ministério das Finanças (MinFin), esse recuo pode ser ainda maior: o relatório de execução orçamental do I trimestre aponta para uma redução de 1.200 milhões de USD só nas dívidas ao Banco de Desenvolvimento da China (BDC), o maior credor bilateral do País. Em quatro anos, a dívida ao BDC encolheu 72%, passando de 13,5 mil milhões para 7,8 mil milhões de dólares.
No entanto, nem tudo bate certo entre os dados do BNA e do Ministério das Finanças. Há uma diferença de mais de 736 milhões de dólares no total da dívida externa. O BNA aponta para 48,6 mil milhões, enquanto o MinFin refere 47,8 mil milhões. Também divergem os números sobre a dívida comercial: o BNA diz que é de 35,3 mil milhões, enquanto o MinFin regista 23,9 mil milhões.
Sobre os financiamentos com garantias em petróleo, Angola reduziu de forma significativa este tipo de dívida, que hoje vale cerca de 9 mil milhões de dólares. Segundo o Ministério das Finanças, a intenção é continuar a afastar-se dessa prática, recorrendo a outras formas de financiamento menos arriscadas e mais sustentáveis.
O Governo garante que a redução da dívida à China e a queda da dívida colateralizada com petróleo têm sido feitas com recursos próprios, sem recorrer a novos financiamentos. Mesmo assim, não fecha a porta a novos créditos com Pequim, desde que sem garantias sobre commodities.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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