O volume de crédito malparado no sistema bancário angolano registou uma redução de cerca de 250 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2025, situando-se agora nos 1.850 milhões USD. Esta queda representa um recuo de 2 pontos percentuais, fixando a taxa de incumprimento em 17,2%, a mais baixa desde Fevereiro de 2024.
Segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA), a banca nacional registava em Março cerca de 177 mil milhões Kz em crédito malparado, num universo de 9,8 biliões de kwanzas em crédito bruto. Comparado a Dezembro de 2024, houve uma descida de 231,3 mil milhões Kz, equivalente a 250 milhões USD.
Apesar da melhoria, analistas admitem que o malparado poderá voltar a crescer no decorrer do ano. A subida generalizada de preços — consequência de políticas económicas tidas como geradoras de inflação — representa um risco adicional. A inflação, muitas vezes referida como um “imposto escondido”, reduz o poder de compra de famílias e empresas, comprometendo a capacidade destas em cumprir com os compromissos bancários.
A evolução histórica mostra que Angola já teve taxas de malparado bastante superiores. Em Junho de 2019, o volume em incumprimento chegou aos 34,5% do crédito bruto da banca, com um total de 5.000 milhões USD. A descida significativa desde então deve-se, em parte, à transferência de parte significativa da dívida incobrável do BPC para a Recredit, em 2020.
A descida recente do malparado decorre também da diminuição do próprio volume de crédito bruto, que caiu 167,2 mil milhões Kz. Os maiores recuos foram observados no crédito concedido ao BNA (-403,8 mil milhões Kz) e ao sector privado (-115,3 mil milhões Kz), enquanto o crédito a não residentes aumentou 194,4 mil milhões Kz.
Apesar das melhorias no curto prazo, o sector continua vulnerável à conjuntura económica interna e à pressão inflacionária, exigindo uma vigilância apertada por parte das autoridades monetárias.
Francisco Soque | Redactor
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