20-05-2025
Banca & Finanças

Crédito bancário perde fôlego no início de 2025 e cai 2% face a Dezembro
O stock de crédito bancário em Angola registou uma redução de 2% nos primeiros três meses de 2025, caindo de 7,9 biliões de Kwanzas, em Dezembro de 2024, para 7,8 biliões em Março deste ano. Esta quebra representa uma diminuição de 145 mil milhões de Kwanzas, de acordo com cálculos do Expansão baseados nas Estatísticas Monetárias e Financeiras do Banco Nacional de Angola (BNA).
A queda foi fortemente influenciada pela redução do crédito ao sector imobiliário, que sozinho respondeu por 113,8 mil milhões Kz da quebra, ou seja, cerca de 78% da perda global. Outros sectores também registaram retrações significativas, como “outros serviços”, com menos 91 mil milhões Kz, e a construção, com menos 43,8 mil milhões Kz.
Apesar de o crédito bancário ter registado um crescimento homólogo de 26% em 2024, o cenário mudou no arranque de 2025. Especialistas apontam como principal causa a crescente preferência dos bancos pelos títulos da dívida pública emitidos internamente, em detrimento da concessão de crédito ao sector privado.
Segundo o economista Hermenegildo Quexigina, esta tendência decorre das dificuldades do Governo em captar financiamento externo e da pressão para financiar o Orçamento Geral do Estado (OGE). Só entre Janeiro e Fevereiro de 2025, foram emitidos 658,3 mil milhões Kz em bilhetes e obrigações do tesouro, um aumento de 191% face ao mesmo período de 2024.
Este comportamento dos bancos tem sido criticado por especialistas, que alertam para o facto de o Estado estar a competir com o sector privado no acesso ao crédito, travando o crescimento das empresas e comprometendo o desenvolvimento económico do País.
Por sua vez, o economista Heitor Carvalho assinala que a retracção do crédito também reflecte o ambiente de incerteza internacional. Segundo ele, “todos os bancos do mundo estão a reforçar as reservas e a conceder menos crédito”, o que pode marcar uma inversão da tendência de crescimento que vinha sendo observada.
Apesar da quebra, o sector do comércio continua a liderar o destino dos créditos bancários em Angola. Mesmo com uma ligeira redução de 5,9 mil milhões Kz, representa ainda 20,2% do total de crédito concedido, com um montante de 1,6 biliões Kz.
O crédito a particulares — interpretado como crédito ao consumo — ocupa o segundo lugar, com 1,5 biliões Kz, equivalentes a 19,8% do total. Juntos, comércio e consumo absorvem 40% de todo o crédito concedido pelos bancos.
Outros sectores com destaque incluem a indústria transformadora (9,3% do total), construção (8,8%) e os sectores da administração pública, defesa e segurança social, bem como a indústria extractiva, ambas com 7,3%.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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