09-05-2025
Banca & Finanças

BNA despeja 85 milhões de dólares no Banco Económico e reconhece: “Já perdemos 70%”
O Banco Nacional de Angola voltou a pôr dinheiro no Banco Económico, como quem insiste em regar uma planta seca. Desta vez, foram 85 milhões de dólares, mas, curiosamente, o próprio BNA já dá como perdidos cerca de 70% desse valor.
O empréstimo foi feito em 2024, através de uma cedência de liquidez overnight, operação de curtíssimo prazo. No papel, parece uma ajuda técnica. Na prática, é mais um esforço para manter de pé um banco que está tecnicamente falido desde 2018.
E não foi a primeira tentativa. No ano anterior, o mesmo banco já tinha recebido mais de 15 mil milhões de kwanzas, dos quais o BNA também perdeu uma fatia considerável. Ao todo, o Banco Económico deve ao banco central mais de 256 mil milhões de kwanzas. Valor que, há muito, entrou para a conta das perdas.
“Não faz sentido absolutamente nenhum”
A decisão levanta sobrancelhas. Especialistas ouvidos pelo Expansão foram claros: não há racional económico que justifique continuar a injectar dinheiro num banco que não dá sinais de recuperação.
Para o economista Heitor Carvalho, o BNA devia simplesmente “deixar o banco falir e responsabilizar os accionistas”. Outros profissionais do sector falam em “instrumentos não convencionais” usados para manter o BE vivo, apesar de o banco já não conseguir atrair clientes nem investidores.
A grande pergunta fica no ar: por que razão ainda não se desligou a máquina?
O Banco Económico carrega um passado pesado: é o herdeiro directo do antigo BESA. Há quem diga que a teimosia em não encerrar o banco pode estar ligada ao receio de se descobrir o que realmente se passou no colapso do BESA.
Enquanto isso, discute-se uma possível divisão entre “banco bom” e “banco mau” — uma estratégia já usada em outros países. Mas nada avança.
Mesmo assim, o BNA insiste em classificar o Banco Económico como “sistémico”, ou seja, importante para o sistema financeiro nacional. Uma ideia que o próprio FMI já questionou.
O Banco Económico continua ligado à máquina, alimentado com dinheiro público que dificilmente será recuperado. E tudo indica que continuará assim — um “banco zumbi”, como alguns o chamam, que sobrevive à custa do Estado, sem solução à vista.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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