08-07-2025
Cooperação & Negócios

Angola recebeu mais de 4 mil milhões USD em apoios multilaterais nos últimos cinco anos — Grande parte desse valor veio do Banco Mundial
Angola captou mais de 4 mil milhões de dólares em financiamentos de organizações multilaterais entre 2019 e 2023. A informação foi avançada esta quarta-feira, em Luanda, durante uma conferência organizada pela revista Economia & Mercado, em parceria com a consultora PwC, e que contou com a participação de especialistas em finanças e representantes de agências internacionais.
Grande parte desse valor veio do Banco Mundial, que sozinho canalizou cerca de 864 milhões de dólares só em 2023, reforçando a sua posição como o principal parceiro multilateral de financiamento ao país. Atrás vêm os bancos de desenvolvimento regional e as instituições europeias, embora com valores significativamente mais baixos.
Apesar dos montantes, a PwC considera que Angola ainda não está a tirar o máximo partido do financiamento disponível. O peso da dívida externa, a instabilidade cambial, os elevados juros internacionais e a persistente fragilidade institucional do país continuam a comprometer a confiança dos doadores. A burocracia também surge como obstáculo: muitos projectos ficam meses à espera de aprovação entre ministérios, o que trava investimentos e reduz a eficácia dos apoios.
Segundo Pedro Palha, director da PwC Angola, o país cria demasiadas unidades de acompanhamento para cada projecto, o que consome tempo e recursos. Para o responsável, bastaria reduzir a dispersão institucional e apostar em equipas técnicas bem formadas e concentradas.
Gabriel Dava, representante do PNUD em Angola, chamou a atenção para a fraca capacidade de monitorização interna dos projectos. Enquanto as organizações multilaterais acompanham os financiamentos que concedem, o próprio Estado deveria estar na linha da frente a verificar se os objectivos estão a ser cumpridos no terreno.
Apesar de todos os constrangimentos, o consenso entre os participantes é que os financiamentos multilaterais continuam a ser cruciais para impulsionar a diversificação económica, reforçar a resiliência social e apoiar uma transição energética sustentável. Para isso, é preciso mais do que captar dinheiro — é preciso executá-lo com responsabilidade, foco e visão estratégica.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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