01-06-2025
Mercado
Produtos nacionais com preços a subir mais do que os importados
Os preços dos produtos de produção nacional continuam a subir a um ritmo bem mais acelerado do que os importados no canal grossista, contribuindo para a elevada inflação registada no País. Em Abril, os preços dos produtos nacionais aumentaram 1,91%, quase o dobro do crescimento dos produtos importados, que subiram apenas 0,96%.
A tendência, porém, não é apenas mensal. No acumulado dos últimos 12 meses, os produtos nacionais ficaram 35,71% mais caros, contra 19,31% dos importados, segundo os dados do Índice de Preços Grossistas (IPG). A inflação homóloga medida por este índice atingiu os 23,65% em Abril.
Os produtos nacionais que mais encareceram no último mês foram a corvina fresca, com um aumento de 4,09%, e o milho, que subiu 3,50%. A situação do milho é especialmente simbólica, já que a importação deste produto está fortemente condicionada por autorizações especiais, o que limita a oferta e pressiona os preços do produto nacional.
Apesar de o IPG ser geralmente um indicativo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), em Angola esta ligação não é directa. Isto porque o IPG cobre apenas três sectores – Agro-pecuária, Pesca e Indústria Transformadora –, que, embora representem cerca de 75% da composição do IPC, não traduzem toda a complexidade do mercado nacional.
Outro factor que interfere é o peso da informalidade no comércio. Em muitos casos, os chamados "grossistas" vendem directamente ao consumidor final, contrariando o modelo clássico de distribuição. Além disso, os mesmos grupos empresariais que dominam o canal grossista são também os principais operadores do comércio formal, influenciando os preços de forma centralizada.
A escassez de produtos nacionais e as limitações às importações agravam o problema. As restrições impostas à entrada de determinados bens visam proteger a produção interna, mas, sem um aumento efectivo da oferta local, acabam por gerar aumentos de preços nos produtos nacionais, tornando-os menos acessíveis para a maioria da população.
Este cenário confirma uma das principais fragilidades da economia angolana: a dificuldade em equilibrar a protecção à produção interna com a estabilidade dos preços para os consumidores.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
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