O Executivo angolano autorizou a aquisição de 180 mil toneladas de fertilizantes à empresa estatal marroquina OCP, num negócio avaliado em 100 milhões de dólares, segundo despacho presidencial publicado recentemente em Diário da República. A medida visa preparar o país para a próxima campanha agrícola.
A operação representa uma subida significativa no custo por tonelada, que passa de 328 dólares, registados na campanha anterior, para 555 dólares este ano. Em 2024, Angola importou 250 mil toneladas de fertilizantes, ao custo total de 82 milhões USD.
Apesar do esforço financeiro, os impactos práticos na produtividade agrícola continuam limitados. Especialistas apontam falhas recorrentes na distribuição e casos frequentes de desvio dos fertilizantes para o mercado paralelo, com as famílias camponesas a queixarem-se de exclusões e dificuldades de acesso.
A baixa produção por hectare e a estagnação da agricultura familiar agravam as dúvidas sobre a eficácia do modelo actual de distribuição de insumos agrícolas.
A expectativa de longo prazo recai agora sobre o projecto Amufert, no Soyo, que, com um investimento de 2,2 mil milhões USD, deverá produzir localmente 1,2 milhões de toneladas de ureia e amónia a partir de 2027, com a promessa de reduzir a dependência externa e garantir maior controlo sobre a cadeia de fertilizantes no país.
Francisco Soque | Redactor
Foto: DR
